Uma Garota Interrompida

Bom, meu nome é Raisa, tenho 19 anos e há 5 anos sofro com distúrbios alimentares, pra ser mais precisa Bulimia. Também tenho um distúrbio de personalidade chamado borderline, que envolve crises depressivas, bipolaridade, tendência ao suicídio e outras coisas que prefiro não dizer.

Não sei como começou tudo isso, só sei que do nada minha vida virou o aveço. Acordei e não queria levantar da cama, senti um vazio tão grande, uma tristeza tão profunda e não conseguia parar de chorar, isso foi meu primeiro encontro com ela (a depressão).

Não veio simplesmente do nada, eu já havia me sentido assim algumas vezes, mas nunca tinha dado importância, afinal de contas o que uma boa bebedeira não resolve. Mas no outro dia eles voltavam com mais intensidade e eu achava que era culpa pelas merdas que eu havia feito enquanto estava bêbada, mas analisando agora não era culpa e sim o vazio de sempre, camuflado de remorso.

Minha vida nunca teve nada de extraordinário, nada que eu pudesse dizer nossa como isso foi difícil, sempre fui uma garota comum, com problemas não comuns. Minha primeira tentativa de suicídio foi aos 15 anos, quando tomei um monte de remédios pro coração. Hoje aos 19 anos, já tentei suicídio 4 vezes, meus braços são cheios de cicatrizes de cortes que eu mesma fiz, e eu não consigo parar...mas voltando

Meu primeiro contato com a bulimia aconteceu no dia 21/01/2004, dia do aniversário da minha tia. Me arrumei toda pra ir ao jantar, coloquei um vestido preto que tinha uma faixa, fiz maquiagem, mesmo assim estava me sentindo horrível, sempre que me olhava no espelho lembrava que as minhas amigas era lindas e magras, e aquele vestido ficaria lindo nelas, não em mim. Quando cheguei na festa, uma prima minha fez um aquele comentário “Nuss Rah como você engordou!” .Pronto pra mim a festa acabou ali, sentei numa mesa e comecei a comer feito doida, depois fui ao banheiro e fiquei me olhando no espelho, vendo aquela gorda refletida, e me lembrei das coisas que havia comido na festa e comecei a ter nojo de mim, a me bater, a falar coisas ruins sobre mim e mesma e fiquei d joelhos no vaso, enfiei o dedo na garganta e comecei a miar, cada vez que a comida ia saindo eu ia ficando mais feliz. Sai do banheiro e fui ficar sozinha lá fora...e desde esse dia não há um dia em que a mia não esteja do meu lado. Já fiz terapia, já tomei remédios, já fiquei de castigo, mas não consigo deixá-la. No momento é uma das poucas amigas que tenho...

Não desejo isso pra ninguém, pois só eu sei como é difícil segurar a barra, por que a mia não te destrói só fisicamente, mas principalmente psicologicamente.

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