Olá, tudo bem?

Meu nome não é Bruna, mas estou postando com o nick dela, ok?

Estive conversando em uma academia só para crianças com uma mulher, com dois filhos e com bulimia desde os 15. Ela parecia ter uns trinta e poucos...

Ás vezes, até eu, que faço parte do projeto, penso que bulimia é frescura, coisa de quem não tem o que fazer e fica perdendo tempo tendo como objetivo de vida apenas emagrecer, apenas aparência, apenas se importando com o superficial.

Não é isso.

Esta linda mulher de longos cabelos lisos e loiros, olhos azuis e maçãs perfeitas disse que bulimia não tem cura. Ela até consegue controlar o "vomitar ou não vomitar", mas não consegue controlar a compulsão.

Lembrei de mim.

Hoje confessei, como se já tivesse o feito 100 mil vezes, a um colega de trabalho, que tenho compulsão alimentar e que tenho que me contolar sempre. Às vezes é mais fácil, como adequadamente, corto doces, gordura e até evito carboidrato, principalmente à noite. Mas são fases pequenas.

Por que tenho tantas estrias?

Bunda, coxa, elas são quem mais sofre. E eu lá... em fases de compulsão e fases de, como um game, ganhar da balança, boicotá-la, dizer para ela que sou mais magra do que ela me disse antes. Sinto prazer em ganhar este jogo.

É como conquistar um garoto. É como, aos doze anos, encher a boca para dizer um "não" para vários garotos em uma matinê e sair com a boca limpa, sem ter beijado ninguém. Eu não ía dizer isso. Eu acho maldade o que eu fazia. Mas eu gostava, me sentia bem. Para ele, não fazia diferença pois se não me "pegasse", pegaria outra. Eu gostava de me sentir desejada e proibida. Eu gostava de me sentir dando vários "nãos". Como os meninos que gostam de somar "sins", meninas que "pegou".

Da mesma forma, eu gosto de somar quilos perdidos, ver que a balança não alcança o peso anterior, e tem capacidade de alcançar cada vez menos. Como se ela enfraquecesse e enquanto eu me fortalecesse.

Isso quanto à balança de casa, da minha irmã mais velha, que adora pizza e já fez uma lipo à lazer.

Sobre a balança da farmácia da esquina de casa ou das farmácias do shopping, é como se elas dissessem "você está gorda, obesa, não vai usar aquela roupa e ninguém vai olhar para você!" ou "você está linda, qualquer roupa deste lugar vai ficar linda em vc, você receberá vários olhares na rua e em qualquer festinha ou lugar que vc for; você está no grupo das mulheres lindas".


Por que eu falei todas essas futilidades?

Comecei falando sobre a mulher linda e madura que eu conheci. Ela não quis tirar fotos para a matéria. Estava com blusa e calça pretas, escondendo os 10 ou 15 quilos que engordou.

Eu também engordei 15 quilos até julho do ano passado.

E emagreci 12 quilos (nessa semana engordei um), desde agosto do ano passado (quando comecei a gostar de alguém, me apaixonar e namorar).

Voltando a Alexandra, a linda mulher madura, ela me disse uma coisa. Não é futilidade, existe muita coisa através da compulsão. Alimentar, por comprar, por drogas...

Acredito que existe uma realidade à qual fugir.

Lembro quando eu falei pra psiquiátra/psicanalista/psicóloga que eu mais consegui frequentar - apesar de entender a lógica, tenho dificuldade de aceitar a relação entre confiança-amizade?-dinheiro.

Eu disse: "sempre preciso ter uma compulsão."

Já foi: ler, comprar brincos hippies, ver filmes em casa, estudar para o vestibular, ficar no msn contando minhas tristezas e dividindo músicas hardcore, que comecei a gostar por causa de um menininho que eu aos 13 anos gostava e ele tinha uma banda. Atualmente: ver filmes no Espaço Unibanco, HSBC ou CineBombril, olhar o mundo fechando a imagem, focalizando, mudando a velocidade e o diafragma, pensando em tirar uma foto. Sempre vem e sempre vai: comer chocolate, ver filmes, beber água e ir ao banheiro, emagrecer, comer comidas que têm muitas fibras e/ ou soltam o intestino. Comer carboidrato. Comer.

Por muitas vezes, foram e não mais serão: tomar laxantes, vomitar.

Eu não tinha ideia da merda que fazia.

Nunca nem tinha visto alguém fazer.

Ouvi, uma vez, as patricinhas daquela cidade pequena, perto da minha (qual é o nome?) falarem, enquanto comiam um Xburguer, que passariam o dia seguinte no banheiro.

Achei a ideia boa e reproduzi muitas vezes, testando vários laxantes.

Teve um, o leite de magnésia, que tomei em muita quantidade e sem dissolver em água!

Passei o dia enjoada e depois vomitei. Vomitei, vomitei.

Eu sempre comia muito quando estava com o meu, então, namorado. Foi um alívio vomitar.

Vomitei muito depois, inventei técnicas... compartilhei com uma amiga que queria fazer e eu dei uma de experiente, ensinando as minhas técnicas... A irmã dela, nutricionista, coibiu. E eu comecei a pensar...

Será que isso faz mal?

Comecei a reparar...

Quando o meu sangue subia... depois o meu rosto ficava vermelho... as minhas espinhas...

Espinhas!? Quantas!?!!!!

Aí...

Meu primeiro amor, meu primeiro namorado, minha primeira vez...

Dos 61 aos 52 quilos!

Água, água, água... salada, frango e consciência pesada quando almoçava na casa da família dele... até sobremesa?!


Eu tenho que me policiar sempre por causa da compulsão... mas onde está o limite entre devorar um monte de chocolates, coisas com gorduras e bolachas na frente da tv, dos amigos ou da calada da noite e o limite de ficar me prixando demais e ter indícios de anorexia?

Ai...

Tá demorando pra eu falar o mais importante...

Vou deixar pro outro post, esse tá muito grande!

Será que alguém leu até aqui?

Nenhum comentário: