Pra quem conseguiu ler e pra quem não leu, vou continuar...

Aquela mulher, sentada na academia só para crianças, esperando seus dois filhos, um menino e uma menina, me disse algo importante.

Bulimia não é sobre aparência, é sobre extravasar. Fiquei o outro post todo descrevendo a minha bulimia e a minha compulsão sem falar as causas, os motivos pelo qual eu tenho que me alienar da minha realidade, fugir do problema que eu julgo ser maior do que os meus braços podem alcançar, maior do que as minhas pernas, maior do que eu possa enfrentar.

Hum... para começar, sou filha do meio. Tenho essa rejeição de não ter responsabilidades e ser amiga como a mais velha, nem sou paparicada e megaprotegida como a mais nova. Por um tempo eu fui, até perder eu meu trono-colo, aos 7 anos.

Hum... meus pais brigavam, se separavam, voltavam. Eu, expectadora, era protegida pela minha irmã. Sempre fui protegida por ela, nem sabia o que era o não-isso, até que sugiu a minha irmã menor, que todos, inclusive eu, quiseram proteger.

Brigas, separações, rejeições maternas por causa da irmã caçula, síndrome da irmã do meio, e... claro: desilusões amorosas!

Elas começaram aos 13... me mudei para uma pequena cidade, minha melhor amiga, e uma das duas únicas, ficou com o garoto q eu ficava e por quem era apaixonada... No mesmo final de semana, minha casa foi assaltada com a minha mãe dentro... Para completar, a minha mãe achava que o culpado do assalto tinha sido o meu pai e ameaçava (agora sei, sem que jamais fizesse acontecer) colocá-lo atrás das grades.

Eu, sei lá porque, tive uma visão do garoto para quem escrevi uns 20 poemas, nunca entregues, ficando com uma menina de biquini vermelho... Depois me contaram q a minha tal melhor amiga estava de biquini vermelho...

Não sou tão isenta, ela gostava dele antes de eu chegar na cidade, tinham até ficado, apesar de dizer q não gostava mais... E ainda fui eu quem falou pro garoto que ela gostara dele... tipo agitei a parada...

Mas enfim... fiquei mal, minha mãe também... teve um rolo da única amiga dela na cidade, pra casa de quem fomos depois que os assaltantes deixaram nossa casa de ponta cabeça... Um rolo dessa amiga da minha mãe com o meu pai. Coitada da minha mãe.

Foi aí que saí dos 49 quilos pros 50, 51, 54, 56, 57, 58, club-academia-granola, 57, 56...

Entrei pra várias panelinhas, na tentativa de ser amiga de todo o mundo...

Consegui poucas amigas de verdade, pra quem eu acabava não tendo muito tempo...

Na tentativa de não pertencer a nenhuma panela...

Me vesti meio anos hardcore, meio básica, meio hippie, meio anos 60, meio patricinha...

Dei voltas e mais voltas nos domingos e dias da semana, mas principalmente, fds, na minha pequena cidade...

Escolhi uma calça e relutei para não comprá-la e depois para comprá-la.

Fui ao shopping de bicicleta ver um filme, escondida, no meio da semana...

Fui visitar uma amiga que ficou com outro menino que eu gostava muuuito e ficava... eu vi os dois... ela ficou doente depois e eu ia lá tentar conversar com ela, naquelas conversas onde sempre tinha uma vírgula que ocultava coisas indizíveis.

Enfim...

Vamos falar sobre agora...

Faculdade, trabalho, irmãs e mãe... cada coisa tem um problema grave, menos trabalho... acho que este virou minha nova compulsão... eu queria tanto ter trabalhado fds passado! Além disso, lá eu como tanto nas cantinas... ai meu dinheiro está acabando... e almoço, é o melhor!! Além de barato, e gostoso, tem altas sobremesas! Hum... chocolate...!!!


Contei os temas das minhas angústias atuais revertidas em compulsões, mas não contei direito o que está acontecendo, como contei o que aconteceu no passado que me fez ter compulsões.

É justamente porque não quero enfrentar nem as palavras sendo lidas por vcs, ou por mim, com os meus problemas q eu ainda não sei o q são direito e não sei se sei enfrentar... é justamente por isso que eu não escrevi nada sobre o q está acontecendo...

É.

Estive pensando... quando estava tudo bem em casa... A minha mãe fazia comida sempre e deliciosa! Na faculdade, eu sempre comia na lanchonete... Mas no outro trabalho eu comia fruta, fazia academia e era muito mais feliz como pessoa, apesar de ser literalmente explorada como trabalhadora.

Será que a comida é tão influente assim na minha vida?

Problemas + comida = alívio + comida, mais comida, mais comida, maaaaaaaaais. Ok, contida, emagrecer. Saudável. Polociar.

Até quando?

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